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Estresse e Preocupação: As Principais Fontes de Ansiedade – Como cuidar desses aspectos?

O estresse e a preocupação são as principais fontes de ansiedade. O estresse é a resposta às demandas diárias, o que pode ser natural, mas, quando exacerbado, torna-se prejudicial à saúde. A preocupação consiste em pensamentos repetitivos que muitas vezes não percebemos, pois não aprendemos a trazer nossa atenção para eles e percebê-los. Assim, esses pensamentos permanecem em nossa mente, ganhando maiores proporções e abalando a saúde mental.

Para cuidar desses aspectos, é importante considerar e aderir a práticas que ajudem a romper o ciclo vicioso que retroalimentamos. Trazer o foco da atenção para a respiração e para os sentidos do corpo, como em treinos de estados meditativos e respiração consciente, assim como em movimentos corporais, como na dança e bioenergética, por exemplo, são ferramentas poderosas que ajudam a reduzir o estresse.

Ao nos concentrarmos no agora, no momento presente, podemos cultivar uma mentalidade de gratidão e maior aceitação, sem tanta necessidade de controle. Afinal, não temos o controle dos eventos, mas podemos controlar nossa mente em relação a eles.

Movimentar o corpo e praticar a atenção plena pode nos ajudar a deixar as constantes identificações com a mente e evitar ficarmos à mercê das emoções. Mover-se com aquilo que nos acontece, seja em pensamentos ou no emocional, nos possibilita a transformação.

Autocuidado implica na administração do estresse, assim como em um olhar atento para o excesso de preocupação, que gera tantos conflitos. Lembrando sempre que cuidar da mente é um processo contínuo.

SONO – O HÁBITO ESSENCIAL

O sono é um estado fisiológico que garante maior eficiência da energia limitada do nosso corpo, promovendo regeneração à nível físico e mental. De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), adultos saudáveis necessitam em média 7-9h de sono por noite para uma boa regulação do organismo, sendo esse período o necessário para completar todos os ciclos do sono, incluindo o sono REM – fase dos sonhos.

Dormir é essencial e todos sabem, porém dados demonstram que este é o hábito mais negligenciado e mais comprometido na sociedade atual. Um estudo de 2014 através de pesquisa presencial incluindo 2.017 participantes de todas as regiões do Brasil, demonstram que 76% tinham queixas relacionadas ao sono, sendo as mais frequentes: sono leve, insônia, roncos e movimentos excessivos na cama.

Cabe ressaltar que a insônia pode ser um diagnóstico primário ou secundário à alguma causa como apneia obstrutiva do sono ou transtorno de ansiedade generalizada, e o tratamento correto da causalidade é fundamental para melhora da qualidade de vida e redução dos fatores de risco metabólicos e psiquiátricos à longo prazo.

Indivíduos com poucas horas de sono apresentam aumento do cortisol, hormônio do estresse, e aumento da grelina, hormônio do apetite, levando a maiores riscos de diagnósticos como obesidade, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares como hipertensão arterial.

A restrição do sono também é fator de risco para maiores oscilações de humor como irritabilidade e tristeza, ansiedade, fadiga crônica, dificuldade de foco em atividades e alteração de memória. O eixo imunológico também fica comprometido, podendo este estar hiperativado gerando doenças auto-imunes ou hipoativados gerando maior susceptibilidade à infecções.

Atuar na prevenção desse cenário visa estimular hábitos principalmente em relação aos horários, seguindo o funcionamento do nosso ciclo circadiano. Assim como a ciência moderna orienta, o Ayurveda (medicina tradicional indiana) já dizia: devemos despertar com o sol e dormir com ele. Trazendo adaptações para nossa modernidade, recomendamos: ir para cama às 21h para dormir até as 22h, e despertar entre 5-7h. Distanciamento de telas e luzes baixas a partir das 19h para correta liberação da melatonina, hormônio que age na indução e manutenção do sono.

Já a abordagem terapêutica visa atuar nas causas e corrigi-las. Para agir no sintoma relacionado ao sono, existem diversas opções terapêuticas como medicamentos convencionais e tratamento complementares com fitoterápicos, como por exemplo Valeriana officinalis, Melissa officinalis e derivados de Cannabis sativa como Canabidiol (CBD). Médicos e profissionais especialistas devem ser procurados para a correta investigação e tratamento. 

Referencias:

https://www.thieme-connect.com/products/ejournals/html/10.1055/s-0043-1777785

https://absono.com.br/wp-content/uploads/2021/03/cartilha_sono_normal_2021.pdf

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2667343622000014

A importância de ter um tempo pra você

Em um mundo cada vez mais agitado e repleto de informações, com uma supervalorização das aparências e frivolidades, do “ter” e inúmeras possibilidades, reservar um tempo para simplesmente “ser” e estar na própria companhia é essencial para uma boa saúde mental e emocional.

Marcar um encontro consigo pode fazer toda a diferença em vários aspectos da vida. Além de ser a base do autoconhecimento, cultivar momentos de solitude pode ser altamente revitalizante.

Criar um espaço para si, reconectar-se com o sentir, perceber a própria presença, emoções e pensamentos é um investimento fundamental no autocuidado e na relação primordial que é você consigo mesmo.

Diariamente, podemos experienciar a solitude primeiramente nos desconectando do mundo digital, explorando pensamentos e sentimentos através da leitura e escrita, acalmando a mente e cultivando um estado de presença através da meditação e atividade física, ou também em caminhadas na natureza. Essas são algumas possibilidades.

Entrar em contato com o mundo interior em um ambiente seguro, como na terapia, por exemplo, também pode ser um ótimo momento de solitude e expressão das próprias reflexões.

E você, o que gosta de fazer na própria companhia?

A medicina integrativa como grande aliada na ativação do Sistema Endocanabinoide

O tratamento com medicamentos à base de Cannabis sativa na Medicina Integrativa abrange o amplo conceito da Endocanabinologia, ciência que estuda o Sistema Endocanabinoide (SEC), um sistema fisiológico nosso organismo que controla diversas funções das células em direção a homeostase (equilíbrio) através da liberação dos endocanabinoides.

O endocanabinoide mais estudado é a Anandamida, que recebeu esse nome pois “Ananda”, em sânscrito, significa bem-estar / bem-aventurança. Esse sistema vem para nos mostrar mais uma vez que corpo tem todas as ferramentas necessárias para se manter em equilíbrio e para fazer seus processos de regeneração quando necessário.

Apenas precisamos cultivar hábitos como sono, alimentação e atividade física favoráveis ao funcionamento do SEC e outros sistemas com função de modular energia no corpo e na mente:


-SONO regular com redução de estímulos sensoriais
O sono irregular é um fator de estresse crônico para o organismo, sendo o desequilíbrio do ciclo sono-vigília um grande fator de alteração do eixo do cortisol (hormônio da resposta ao estresse) gerando uma inflamação crônica de baixo grau. Pesquisas mostram que o aumento da concentração de cortisol, leva à uma diminuição da concentração de Anandamida em áreas do cérebro responsáveis pelo controle do nosso humor e retenção de memória, aumentando risco de doenças psiquiátricas ou neurológicas.
Orientações para correta liberação hormonal:
Reduzir contato com telas e trocar luzes brancas por luzes amarelas a partir das 19h
Dormir até às 22h
Despertar entre 6h-7h

-ALIMENTAÇÃO saudável rica em gorduras boas
Os alimentos são as únicas fontes de ácidos graxos como Omega 3 e Omega 6, ambos são gorduras polissaturadas que compõe diversas funções em nossas células. As pesquisas mostram que o Omega 3 e Omega 6 fazem parte da síntese dos endocanabinoides, e são extremamente importantes para ativação do SEC e modulação das funções das sinapses.

A indústria alimentícia promoveu uma redução do consumo de gorduras saudáveis como os ômegas e aumento do consumo de gorduras como gordura trans que está contida em todos os produtos industrializados.
As recomendações alimentares devem ser sempre individualizadas, visto que, cada organismo tem sem próprio metabolismo e digestão. Mas existe uma orientação comum: não consumir industrializados na rotina.


-ATIVIDADE FÍSICA constante e atividades em ambientes agradáveis
Há muito tempo sabemos que o sedentarismo é fator de risco para diversas doenças físicas e mentais, e que a prática de exercícios modula disposição e humor. As pesquisas estão investigando a euforia e sensação de bem-estar produzida pela atividade física com a liberação dos endocanabinoides. Em um estudo de 2003, foi encontrado aumento de Anandamida no sangue dos participantes após atividade física moderada (45min em esteira). Outro estudo de 2018 demonstra aumento de Anandamida e outros endocanabinoides em atividades que geram prazer como cantar e dançar, em espaços coletivos.

Pesquisas estão demonstrando que o cultivo desses bons hábitos, auxiliam no correto funcionamento do SEC, promovendo um estado de saúde integral do corpo físico e do corpo mental, reduzindo incidência de doenças crônicas. Porém, observamos que uma lógica produtivista e distanciada dos ciclos naturais da vida dificulta o seguimento dessas orientações. Há emergência de mudança. A transformação é individual, mas também estrutural.

Saúde Mental versus Burnout

A síndrome do esgotamento profissional, ou mais conhecido como “burnout”, é um distúrbio emocional relacionado a sobrecarga de trabalho. A maioria das pessoas que são acometidas por esse distúrbio são extremamente dedicadas às suas atividades profissionais, gostam do que fazem e justamente por isso, não percebem a instalação de uma dinâmica que compromete seriamente a sua saúde física e psicológica.

Toda a dedicação é aplicada e direcionada ao trabalho, e a pessoa passa a não mais viver, mas, desempenhar, produzir e resolucionar o tempo inteiro. O ritmo desenfreado vai passando desapercebido e uma rotina estressante e de excessos é normalizada. Sem tempo para o lazer, descanso ou outra atividade que não seja o trabalho, a pessoa fica sujeita a um colapso nervoso.

O estresse faz parte da vida, muitas vezes é o estresse que nos movimenta em direção ao que almejamos ou necessitamos, porém, o estresse contínuo e em níveis elevados, sem autorregulação, produz diversos malefícios.

Os sintomas vão surgindo de maneira leve, porém, se não forem cuidados tendem a evoluir para quadros mais sérios, inclusive com risco de vida. Por isso é muito importante ter atenção logo nos primeiros sintomas, não deixar avançar e já iniciar um tratamento.*
Estar em conexão com o próprio corpo e com a autobservação, ajuda a percebe-los melhor. Reservar um momento do dia, ou da semana que seja, para desacelerar, relaxar e descansar, é fundamental para regular os níveis de estresse. Práticas como meditação, respiração consciente e yoga, ajudam no gerenciamento do estresse e da ansiedade.

A psicoterapia também é indicada para acompanhar mais de perto os processos psíquicos, emocionais e só temos a ganhar com o autoconhecimento. Saúde mental é um autocuidado essencial, tudo começa na mente. Dentro da abordagem corporal, os manejos corporais trazem alívio das tensões mentais, emocionais e físicas, assim como ajudam na liberação das cargas que se alojam no corpo. Com autopercepção, se torna mais possível favorecer a manutenção de uma saúde integral.

Dedicar um tempo de prazer e qualidade com familiares e amigos, fugir da rotina diária, como ir ao cinema, passear no parque ou natureza mais próxima, por exemplo, assim como conversar com pessoas de confiança, expressar os sentimentos, cuidar do sono e descansar, são medidas importantes e fundamentais para a prevenção do burnout. Adequar na balança da vida o trabalho com outras atividades, é entender que o trabalho faz parte da vida, porém, a vida vai além do trabalho.

A massoterapia como prática diária para o autocuidado

De todos os sentidos que percebemos o mundo, o tato é o que nos dá contorno, que nos envolve e nos mostra limites, nos permite perceber e absorver as impressões de cuidado e afeto, ou a falta dele.


Tateamos o mundo com os nossos sentidos, o corpo sabe, intui, carrega a sua própria história e sabedoria. Reconectar-se com a interioridade, é uma maneira de organizar-se em sua própria presença e a massagem pode ser uma excelente opção para essa conexão, uma vez que todo o registro psicoemocional está no corpo e todos os sistemas do corpo são beneficiados com a massagem. A pele é o nosso maior órgão, que nos reveste inteiramente e o toque está intimamente ligado ao sentido do Eu, que nos permite perceber o outro diante do si mesmo.


Sessões de massoterapia e as diversas terapias corporais, aplicadas por profissionais, podem aprofundar nos acessos internos. Ao experienciar corporalmente e depois poder refletir, elaborar os conteúdos, ou vice-versa, é a integralidade de uma prática complementar, que inclui o corpo no processo terapêutico.


É preciso intenção e querer no toque para poder cuidar, e nesse sentindo, conter-se, dosar, reflete respeito, cuidado e afeto. Abrir-se para receber um toque é permitir-se impelir nos caminhos de dentro, quem sabe se dissolver pelo caminho e só sentir.


Embora receber massagem possua como uma de suas propriedades o relaxamento, provido da entrega, a automassagem nos fornece diversos benefícios. Também promove alívio do estresse, ansiedade e ao dedicarmos um tempo para fazer uma automassagem, é um momento de autocuidado, que certamente irá repercutir positivamente para uma saúde integral.


A massagem nos chama para a presença, para as sensações e percepções, para a reconexão corpo-mente, proporciona autorregulação, um tempo para si, a lembrança da própria existência, do que realmente importa e é essencial.


O que pode ser feito? O que pode ser resignificado a partir das percepções que emergiram? Poder se aprofundar no autoconhecimento, no próprio corpo, com um suporte terapêutico, é trazer contorno para os processos da vida, em momentos mais, ou menos, desafiadores.

Como a respiração influencia na nossa vida.

A respiração é a conexão com a vida. A força vital que se relaciona com o corpo inteiro e influencia o nosso sono, nossos pensamentos e diretamente as nossas emoções.

No início da vida o bebê tem uma respiração profunda, até a região abdominal, porém, ao longo das experiências, dores e traumas, esta pode ser bloqueada, causando disfunções como; retenção do ar, inspiração crônica, encurta-la e acelera-la, o que impede o fluxo energético e da respiração.

A musculatura e todo o nosso corpo, carrega memórias emocionais e impressões no fluxo respiratório. A disfunção da respiração contribui para o estresse, desencadeando ansiedade e tantos outros transtornos.

A respiração ampla e diafragmática, não apenas retida nos pulmões, ou no máximo até as costelas, mas, em toda a capacidade respiratória, incluindo a região abdominal, que pode ser inclusive ampliada, traz mais oxigênio para todo o corpo, ampliando o fluxo e a vivacidade no funcionamento de todo organismo. Ajuda a eliminar toxinas, trazendo mais relaxamento e alívio dos sintomas de ansiedade.

Segundo Lowen, criador da bioenergética e psicoterapia corpo-mente, uma atitude crônica de inspirar é o meio mais eficiente de suprimir qualquer emoção.

Expirar longamente e calmamente, esvaziando todo o ar do corpo, permitindo a sua saída e mais espaço interno, ativa o sistema parassimpático, que nos permite o descanso e o relaxamento. Já uma respiração rápida e curta, ativa o sistema simpático, responsável pelo estado de alerta, que prepara o corpo para enfrentar situações de perigo, estresse, fadiga ou qualquer esforço intenso.

Diante do estresse, a respiração reprime as emoções e as sensações, que podem permanecer no corpo por anos e até por uma vida inteira. Porém, o caminho inverso também é possível, com o auxílio da respiração consciente e práticas respiratórias, que podem ajudar na liberação emocional, de memórias e tensões do corpo, permitindo a musculatura abrir mão de sua função defensiva e recuperando a respiração natural.

Um ambiente seguro e acolhedor, como um setting terapêutico, pode ajudar o indivíduo a entregar-se aos seus sentimentos e tomar posse de sua ação, através da respiração.
Porém, é necessário um processo gradual, principalmente em respirações que estão muito disfuncionais, para que o corpo possa aprender a tolerar níveis mais elevados de vitalidade.

Tornar-se consciente da respiração e pratica-la, é fundamental na autoregulação e melhora da saúde do organismo, assim como um bom desenvolvimento e melhora da saúde emocional.

Mariane Wegmann
@corpointuitivo

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